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Hank Worden: o pobre coitado da cadeira de balanço

Alguns atores e atrizes existem apenas para roubar a cena e um lugar em nossos corações. Eles não foram protagonistas ou indicados ao Oscar e seus nomes sequer figuram acima do título. Os filmes de John Ford estão cheios de exemplos deste tipo, pois o diretor contava com uma trupe poderosa de coadjuvantes, que incluía Harry Carey, Harry Carey Jr e a bela do cinema mudo Mae Marsh. Não importava se John Wayne estava atirando, bebendo em um saloon ou brigando com Maureen O’Hara em primeiro plano, esses coadjuvantes estavam lá para garantir comicidade. Hank Worden foi um deles. 
Norton Earl Worden nasceu em 23 de julho de 1901. Embora tenha estudado engenharia, ele se tornou um cowboy, tendo crescido nos ranchos de Montana. Foi montando em touros e cavalos que ele entrou no show business ao lado de Tex Ritter, que logo se tornou um famoso ator e cantor de música country. Hank continuou em Nova York dirigindo um táxi, mas foi junto aos cowboys que ele encontrou sua grande chance: conheceu Billie Burke (a Glinda de “O Mágico de Oz”) em um rancho e ela o ajudou a chegar em Hollywood. Quando a popularidade de Tex Ritter começava a cair no cinema, Hank começava a despontar.

Era 1952 e Howard Hawks dirigiu um filme que só pode ser chamado de western porque há índios. Kirk Douglas e Dewey Martin precisam levar um carregamento de madeira rio acima em “O Rio da Aventura / The Big Sky” e uma das pessoas que eles terão na equipe será o índio Pobre Coitado (Poordevil), sem dúvida a figura mais divertida do filme.
Desde 1939 Hank participava dos filmes de John Ford. Ele esteve em “No Tempo das Diligências / Stagecoach”, sem receber créditos, como extra. Mas seria em “Rastros de Ódio / The Searchers” (1956), considerada a obra-prima de John Ford, que ele brilharia. Mose Harper existe apenas para nos fazer rir. Fosse ele um bobo da corte ou coisa do gênero, o importante é que ele está ali para desviar a atenção do fato de que John Wayne está em uma missão homicida, guiado pelo ódio. E a única ambição de Mose é ter uma cadeira de balanço, algo tão simples em contrapartida à jornada de Wayne, tão complexa, destrutiva e que, quando terminada, não lhe dará conforto.  
Mas Hank era um homem ocupado: devido ao conflito de horários entre dois filmes, algumas cenas em que seu personagem aparece de costas em “Rastros de Ódio” tiveram de ser filmadas com um dublê. Além disso, Mose foi inspirado em uma figura real, Mad Mose, um famoso pistoleiro que era meio louco e adorava cadeiras de balanço!
Mais um filme de John Ford, mais um momento para Hank brilhar, ainda que rapidamente: “Quando um homem é homem / McLintock!” (1963), que eu considero o filme mais divertido do diretor. O nome de personagem de Hank é, ironicamente, Curly (o termo em inglês significa “cacheado”, e Hank é careca. Ele apaarece logo no começo, e também tem destaque no banho de lama que é o ponto alto da loucura do filme.
Embora ele tenha começado no cinema em meados dos anos 30, com o nome Heber Snow, que ele considerava “mais mórmon”, Hank fez trabalhos como extra esporadicamente, mesmo após conseguir certa popularidade e cair nas graças de Ford e Hawks. Só com Ford, foram 12 colaborações, entre filmes e televisão. Entretanto, seu grande amigo no meio cinematográfico era John Wayne, com quem fez 17 filmes e que, segundo Hank, foi a pessoa que lhe ensinara tudo o que ele sabia.
Hank, à esquerda, em "Forte Apache" (1948)
Em seus 216 trabalhos como ator, Hank foi creditado relativamente poucas vezes. Mesmo assim, sua imagem é inconfundível. Prestando bastante atenção, é possível encontrá-lo em “A Legião Branca / So Proudly We Hail” (1944), “Duelo ao Sol / Duel in the Sun” (1946), “Céu Amarelo” (1949), “Vendedor de Ilusões / The Music Man” (1962) e “Bravura Indômita / True Grit” (1969). Além de Mose no mais famoso western de John Ford, Hank se destacou também como o garçom da série Twin Peaks, seu último trabalho. Sempre inconfundível, Hank Worden ganhou popularidade, e é realmente uma alegria vê-lo em ação.


This is my contribution for the What a Character! Blogathon 2o13, hosted by the trio Aurora, Kellee and Paula at Once Upon a Screen, Outspoken & Freckled and Paula’s Cinema Club.


Thank ya, thank ya kindly for reading!

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